Lançamentos Bienal do Rio 2015

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domingo, 10 de fevereiro de 2013

[RESENHA]: Filhos do Fim do Mundo





Informações: 
Edição: 1ª
Editora: Fantasy/Casa da Palavra
ISBN: 9788577343126
Ano: 2013
Páginas: 287
Skoob: [LINK AQUI]


Sinopse: Meia-noite. A notícia se espalha e deixa o mundo em pânico: todos os bebês recém-nascidos e de menos de um ano de idade morrem misteriosamente. Como se não bastasse, a informação sobre plantas e animais mortos também se espalha. Agora, todos se deparam com a promessa de escassez e o inevitável pensamento de que o fim da humanidade está próximo. Rodeado por desanimadoras notícias está o Repórter, convocado pelo único jornal em circulação para cobrir revoltas populares que desencadearam uma verdadeira guerra civil. Em meio a tanto ódio, ele só tem uma missão em mente: atrasar ao máximo o parto da esposa grávida na esperança de evitar a morte do próprio filho.


Promessa feita, palavra cumprida.
Aqui está a resenha de “Filhos do Fim do Mundo”.

Esse é um dos livros que mais gostei de ler no começo desse ano. Fazia muito tempo que eu não me empolgava tanto. Acho que é até clichê eu falar isso, mas surpreende que o autor seja brasileiro. Enfim, duas sílabas para definir o livro: FO-DA!

Na capa, Jurandir Filho diz assim: “O Barreto nasceu para escrever. Quando você lê algo dele, é impossível não se sentir inspirado ou tocado por suas palavras”. Faço das palavras dele as minhas. A escrita de Barreto é dinâmica e fluida, simples e confortável de ler. Ele escreve incrivelmente bem. Me apaixonei pelo seu estilo e estou com muita vontade de ler mais de seus trabalhos.

Barreto soube me conduzir pelo enredo de um jeito que, quando eu menos esperava, me percebi mergulhada em meio aos acontecimentos do fim do mundo. Era como se as cenas pulassem pela minha cabeça sem eu precisar imaginá-las, elas existiam por conta própria. Parecia que eu estava numa sala de cinema.

Senti a passagem das cenas como as mudanças de marcha do carro: começamos com a primeira marcha, logo em seguida, passamos para a segunda e assim vai. Não significa que não houve cenas em que da marcha um ele foi direto para a quatro. Porque, acreditem, cena de fazer o coração bater mais forte é o que não vai faltar! 

O que quero dizer é que a transição que Barreto faz entre cada momento é coerente com a estória que ele propõe; são transições que fazem sentido, pois cada núcleo tem ganchos que se comunicam entre si. Uma outra coisa que gostei é que o livro não se perde nos detalhes, sem deixar a leitura cansativa, e muito menos peca neles, pois vêm na medida certa. 


Mergulhei tanto em “Filhos do Fim do Mundo” que, quando precisei parar e sair para a rua, senti que a qualquer momento seria bombardeada por notícias anunciando que bebês morreram misteriosamente. E essa sensação me acompanhou por um bom tempo enquanto eu andava protegida por meu guarda-chuva. E aí eu fiquei pensando, por que será que senti isso?

Esse livro foi escrito de uma maneira muito próxima de nossa realidade. Na verdade, acho que é, sim, uma representação dela, só que sem a morte dos bebês. O Evento Zero (terminologia usada pelos militares para resumir as mortes inexplicáveis dos recém-nascidos) está acontecendo e Barreto nos leva para um país desconhecido, pois não sabemos seu nome, e conta como vão se desenrolando as reações dos civis, das autoridades, entre outros. 

Aliás, uma coisa que achei bem interessante foi que as personagens não tinham nomes do tipo “Paulo” ou “Maria”; cada pessoa se chama de acordo com a função que tem na estória. Por exemplo, o personagem principal se chama Repórter, temos também sua Esposa, o Diretor, o Coronel, o Governador, o Padre e o Blogueiro, para não citar outros mais. E não ter um nome definido não implica que as personagens sejam “frágeis”, pelo contrário, todas elas foram construídas com bases bem sólidas. A proximidade que senti com cada uma delas foi incrível.

As descrições são tão reais e tão provocantes que foi impossível não pensar sobre minhas próprias convicções, sobre o que eu faria em situações assim, sabe? É uma estória que transita por assuntos como: controle de informações, do que pode acontecer quando massas humanas se perdem em meio ao desespero, de violência, da guerra, de morte e sangue, de difíceis decisões, de atos que falam mais que palavras... 

Barreto não traz respostas. Ele traz questionamentos e cada um de nós escolhe por onde quer pensar e firmar suas crenças. “Filhos do Fim do Mundo” fala de desejos, de percorrer o caminho sem desistir mesmo que pareça não haver saída aparente. Fala de escolhas, de conviver com aquilo que é possível depois de ter batalhado até além das forças. Ele fala sobre tantas questões que é meio difícil para eu me expressar...

Não existem heróis épicos que salvarão o mundo. 
Existem apenas seres humanos que fazem o melhor que podem com a Vida que lhes foi dada. 

Esse é um livro que, definitivamente, entra num cantinho especial do meu coração e da minha estante.

Não deixem de conferir a página do livro no facebook: Filhos do Fim do Mundo.

Espero que tenham gostado!
Nos vemos na próxima.

E eu lhes apresento o autor: Fábio M. Barreto


  
Critérios de Avaliação:

a) Arte da capa: A capa é muito linda. Chama a atenção pelas cores, pela tipografia do título e, é claro, pelas palavras do próprio título em si. Me surpreendo cada dia mais com o trabalho realizado pela Fantasy com as capas de seus livros. Estão umas mais lindas e interessantes que a outra.

b) Trama: Muito bem desenvolvida, sabendo alternar entre momentos de tensão e momentos de calmaria. Trabalhou com as descrições dos locais, pensamentos, emoções e acontecimentos de maneira a não tornar a leitura cansativa, pelo contrário, me fez ficar empolgada a cada página que eu virava. Acho que a obra de Barreto tem um diferencial por abordar a temática do fim do mundo de um jeito diferente do usual, sem fazer uso de anjos, demônios, zumbis, alienígenas, entre outros. 

c) Caracterização das personagens: Há várias personagens no decorrer da narrativa e cada uma delas é muito bem trabalhada e caracterizada. Para mim, foi possível sentir as motivações e pensamentos. Pude sentir muitas emoções com cada uma delas: amor, tristeza, raiva, gratidão... Enfim, elas me conquistaram.

d) Qualidade do livro (papel, letra, erros, etc): A qualidade do livro é ótima. Diagramação, tipografia e papel estão muito confortáveis tanto para os olhos, quanto para as mãos. O papel é de cor creme, poroso e grosso. Não identifiquei erros durante a leitura. Só uma observação em relação a qualidade do papel, como o tenho a pouco tempo ainda não sei como é sua durabilidade...

e) Comparação com outras obras do gênero: Tenho lido poucos livros com a temática de fim de mundo,  então fica um pouco difícil de comparar. Mas pensando no campo da ficção, acredito que Barreto trouxe uma obra pertinente e que nos convida a refletir sobre o mundo que vivemos e o mundo que construímos para nós mesmos. 

Nota: 5,0 


Licença Creative Commons
[RESENHA]: Filhos do Fim do Mundo de Carolina Feng é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Brasil.
Baseado no trabalho em edensaga.blogspot.com.br.

5 comentários:

  1. quero ler agora!
    Mas não vi ainda nas livrarias de salvador.

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    Respostas
    1. Uhul!!!!
      Deve chegar um pouco mais tarde aí... o livro foi lançado por aqui faz pouco tempo.

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  2. Excelente resenha. O livro ja estava na minha lista de compras. Parabens ao autor e ao selo Fantasy pelo belo trabaljo de capa.

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  3. Excelente resenha. O livro ja estava na minha lista de compras. Parabens ao autor e ao selo Fantasy pelo belo trabaljo de capa.

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