Éliter Sainel
Escolhi as sombras
quando na verdade fui feito para a luz. E porque mesmo sabendo que não fui
feito para as trevas, a escolhi como refúgio? Porque as sombras ocultam o que
existe dentro delas e amedrontam aqueles que se atrevem a desafia-la. Entreguei-me
a essa existência macabra por ter encontrado nela, a forma mais sutil de fazer
aqueles que roubaram minha infância, pagarem o preço por seus atos.
Reconheço que esse
não é o meu caminho. Escolher caminhar nessa estrada não foi uma decisão
prudente, admito. Mas essa escolha satisfaz um desejo mórbido e frio que existe
dentro de mim, o qual eu mesmo criei e que parece me consumir cada vez mais a
cada dia.
É engraçado como os
dias parecem mais longos quando se tem um proposito. É como se o mundo desse
mais tempo para que possamos pensar no que estamos fazendo e se vale a pena
continuar naquele caminho. Mas por mais tempo que o mundo me de, meu objetivo
será o mesmo. Vingança.
Esses pensamentos vinham a minha mente quando eu estava sentado na frente da taberna, ao lado do mesmo cara que ficava bêbado todos os dias até o completo estado de inconsciência. Fui arrancado de meus pensamentos quando senti que alguém me observava o que era impossível, pois eu sempre fiz questão de parecer invisível a todos.
Era uma garota. Eu nunca tinha visto aquela menina e nem mesmo ouvira falar dela. Fiquei surpreso quando notei que ela realmente olhava diretamente para mim. Parecia perdida e assustada. Provavelmente o medo era por estar me vendo. Mas porque ela parecia perdida. Não há como se perder em Rosario.
Permiti que meus olhos se encontrassem com os dela, mas isso a assustou mais ainda.
Ela começou a correr em direção à saída que eu pensei que apenas eu sabia da existência. Ninguém nunca saiu de Rosario além de mim. Ao menos era o que eu pensava.
Nesse momento me dei conta de que ninguém mais a via, a não ser eu. Isso me confortou de certa forma. Eu não era o único que me escondia. No entanto ela não parecia tentar se esconder. As pessoas simplesmente não notavam a presença dela. Fiquei cada vez mais intrigado com aquela garota. Talvez tenha sido por isso que eu a segui.
Porem, não deixar que ela me notasse. Não queria assusta-la novamente.
Ela correu para dentro da floresta afastando-se cada vez mais de Rosario. Eu a segui por cima das arvores sem fazer nem um barulho. Enquanto a seguia notei algo estranho em mim. Pela primeira vez, eu gostaria de não ter assustado alguém.
O medo à fez correr muito. Eu a segui por intermináveis minutos quando enfim, ela parou. Sentou-se embaixo da arvore onde eu estava. Fiquei observando cada movimento que ela fazia. Era a mais bela criatura que eu já vira. Senti raiva de mim por tê-la assustado.
Ela abraçou os joelhos como uma criança apavorada e começou a se acalmar. Pude notar o medo e a inquietação que ela sentia.
Eu esperei. Fiquei apenas ali, parado olhando aquele ser que era o mais próximo que eu já tinha visto de algo que chamavam pureza. Esse deve ter sido o motivo de meu interesse. Eu só conhecia o caos, a dor, o mal.
Ela tornava-se ainda mais bela sob aquela luz de fim de tarde, que já dava lugar a uma noite escura. Quando ela parecia mais calma pulei da arvore sem me importar com o fato de poder assusta-la novamente. Pensei que ela iria desmaiar, mas apenas soltou um grito abafado. E eu a olhei nos olhos novamente.
Pela primeira vez em minha vida senti algo bom. Descobri naquele dia o significado de uma palavra que eu sempre escutava, mas não entendia o que era.
Eu senti esperança.
Esses pensamentos vinham a minha mente quando eu estava sentado na frente da taberna, ao lado do mesmo cara que ficava bêbado todos os dias até o completo estado de inconsciência. Fui arrancado de meus pensamentos quando senti que alguém me observava o que era impossível, pois eu sempre fiz questão de parecer invisível a todos.
Era uma garota. Eu nunca tinha visto aquela menina e nem mesmo ouvira falar dela. Fiquei surpreso quando notei que ela realmente olhava diretamente para mim. Parecia perdida e assustada. Provavelmente o medo era por estar me vendo. Mas porque ela parecia perdida. Não há como se perder em Rosario.
Permiti que meus olhos se encontrassem com os dela, mas isso a assustou mais ainda.
Ela começou a correr em direção à saída que eu pensei que apenas eu sabia da existência. Ninguém nunca saiu de Rosario além de mim. Ao menos era o que eu pensava.
Nesse momento me dei conta de que ninguém mais a via, a não ser eu. Isso me confortou de certa forma. Eu não era o único que me escondia. No entanto ela não parecia tentar se esconder. As pessoas simplesmente não notavam a presença dela. Fiquei cada vez mais intrigado com aquela garota. Talvez tenha sido por isso que eu a segui.
Porem, não deixar que ela me notasse. Não queria assusta-la novamente.
Ela correu para dentro da floresta afastando-se cada vez mais de Rosario. Eu a segui por cima das arvores sem fazer nem um barulho. Enquanto a seguia notei algo estranho em mim. Pela primeira vez, eu gostaria de não ter assustado alguém.
O medo à fez correr muito. Eu a segui por intermináveis minutos quando enfim, ela parou. Sentou-se embaixo da arvore onde eu estava. Fiquei observando cada movimento que ela fazia. Era a mais bela criatura que eu já vira. Senti raiva de mim por tê-la assustado.
Ela abraçou os joelhos como uma criança apavorada e começou a se acalmar. Pude notar o medo e a inquietação que ela sentia.
Eu esperei. Fiquei apenas ali, parado olhando aquele ser que era o mais próximo que eu já tinha visto de algo que chamavam pureza. Esse deve ter sido o motivo de meu interesse. Eu só conhecia o caos, a dor, o mal.
Ela tornava-se ainda mais bela sob aquela luz de fim de tarde, que já dava lugar a uma noite escura. Quando ela parecia mais calma pulei da arvore sem me importar com o fato de poder assusta-la novamente. Pensei que ela iria desmaiar, mas apenas soltou um grito abafado. E eu a olhei nos olhos novamente.
Pela primeira vez em minha vida senti algo bom. Descobri naquele dia o significado de uma palavra que eu sempre escutava, mas não entendia o que era.
Eu senti esperança.
Contos de Rosario - Éliter Sainel - #6 de Brenda Santos é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Baseado no trabalho em http://edensaga.blogspot.com.br/2013/03/contos-de-rosario-eliter-sainel-6.html.
Perssões além do escopo dessa licença podem estar disponível em http://edensaga.blogspot.com.br/p/contos.html.
Gostei muito do conto. Muito lindo mesmo.
ResponderExcluirObrigada Maristela. Fico feliz que tenha gostado. Espero que continue lendo. Abraço.
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