Suave na nave?
Depois de um tempão sem postar, cá estou eu com uma nova resenha. O livro é de uma autora nacional e chegou até mim por e-book. Definitivamente aprendi uma coisa importante com essa experiência: que detesto ler no computador... nada supera ter o livro nas mãos, cheirá-lo e virar as páginas uma a uma com os dedos...
Bem, chega de digressões, né? Vamos à resenha!
Informações:
Edição: 1ª
Editora: Novo Século
ISBN: 9788576798682
Ano: 2013
Páginas: 336
Skoob: A Linhagem
Sinopse:
Londres do século XVIII. A capital da Inglaterra era um dos mais importantes centros do mundo. Vestidos pomposos, elegância e boas maneiras. Um tempo onde as posses e a reputação regiam a sociedade. A igreja possuía poder absoluto e condenava aqueles os quais pesava a suspeita de bruxaria – a arte oculta temida e repudiada pelo senso comum. Nesse cenário intimidador, surge uma mulher especial, com dons inimagináveis. E um destino grandioso...
Este livro é um romance de época, se passa em 1720, na Inglaterra. É aquela época dos lordes e lady ingleses, com carruagens puxadas a cavalo, presença da monarquia como forma de governo e coisas assim. Eu gostei de lê-lo, foi bem gostoso e fluido. O estilo de escrita de Camila Dornas é interessante, as palavras parecem se costurar uma na outra sem muito esforço. As descrições das cenas são detalhadas, conseguindo trazer os elementos dessa Londres antiga para a nossa mente.
A estória se desenvolve em torno de Evangeline Bennet, filha do Marquês Julian Bennet. Imediatamente me lembrei de Elizabeth Bennet, de “Orgulho e Preconceito”. Inicialmente, fiquei pensando se não seria só uma coincidência... E, com o passar da estória, fui percebendo como Evangeline possui traços de uma personalidade forte e marcante bem semelhante com os de Elizabeth. As semelhanças param por aí e não quero andar pelo caminho das comparações com outras personagens, pois Evangeline tem sua marca própria e vai mostrando isso ao longo da estória. Ela possui poderes misteriosos que influenciam os elementos da natureza. Ninguém exceto algumas pessoas tem conhecimento sobre a existência deles, é um segredo bem guardado, pois se revelado poderia condenar Evangeline à morte.
Já li alguns romances de época e este aqui segue o mesmo estilo de livros desse tipo. Não é uma estória que traz grandes surpresas, ela em certa medida é previsível, pois sua fórmula já foi bastante usada por aí. O que surpreende, no entanto, são outros elementos: tais como o mistério e a caracterização da magia presente nessa Londres, o transcorrer de cenários e acontecimentos. Enfim, a trama que Camila Dornas criou é bem interessante. Fiquei instigada, num primeiro momento, em saber como se resolveriam algumas situações.
Evangeline foi uma das poucas personagens que considerei ter sido bem aprofundadas pela autora, até porque é escrito em primeira pessoa. Terminada a leitura, me ficou uma sensação de que a descrição das outras pessoas da estória são um tanto superficiais... O que eu vi foram apenas arquétipos de personagens: o mocinho que se apaixona, o vilão que quer casar com a mocinha, um misterioso homem que irrita a mocinha, entre outros. E vejam, não há nada de errado com a presença dos arquétipos, pois todo livro precisa ter os seus para que o enredo possa fluir...
O que eu quero pontuar é que, no caso de "A Linhagem", houve apenas a apresentação desses arquétipos, pincelando alguns detalhes para caracterizá-los; a autora não os desenvolveu para além disso. A imagem que me vem é de um desenho colorido no qual faltou colocar sombra, gradações de cores, perspectiva. É como se faltasse mais caldo dentro da sopa, entendem? As personagens são simples e previsíveis, não me fizeram sentir a complexidade que é o ser humano. Apesar disso, não pude deixar de rir em alguns momentos. Os comentários de algumas personagens são espirituosos e dão um ar gostoso à leitura.
Outra coisa que me chamou a atenção foi que, em alguns núcleos da estória, os problemas e dificuldades se resolviam muito facilmente. Nesses momentos, eu continuava a leitura esperando que a autora explicasse como diabos as coisas tinham acontecido, se realmente seria tão fácil do modo como foi, no entanto, essa minha necessidade não foi suprida e achei que não houve muito esclarecimento.
Apesar disso, acredito que “A Linhagem” é o tipo de livro que as pessoas gostarão de ler, é uma boa companhia para se ter num final de tarde. Acho que a autora tem potencial, pois a construção de seus parágrafos é muito bem feita. Porém, acredito que ainda há trabalho a ser feito no quesito de caracterização das personagens e resolução dos conflitos.
E, agora...
Critérios de Avaliação
a) Arte da Capa: apesar de ser visualmente bonita, não gostei muito da capa, pois não acho que ela representa bem a estória. A presença da floresta até que faz sentido, mas a mulher vestida com uma camisola branca não me parece fazer jus à imagem que criei de Evangeline Bennett.
b) Trama: ela é interessante e desperta curiosidade de como será costurada ao longo da leitura, no entanto, os desdobramentos dos conflitos muitas vezes se demonstraram serem muito simples para a complexidade que a trama requeria.
c) Caracterização das Personagens: como já citei anteriormente, acho que faltou aprofundamento nos jeitos de agir, de pensar. As personagens eram, em certo ponto, um tanto previsíveis.
d) Qualidade do Livro (papel, letra, erros, etc): como li em formato e-book, não tenho o que comentar quanto à qualidade do papel. A letra eu achei boa, pois não incomoda na leitura. Em relação aos erros, não identifiquei nenhum.
e) Comparação com outras obras do gênero: segue o mesmo padrão das obras desse gênero.
Nota: 3,5
[RESENHA] - A Linhagem de Carolina Feng é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Brasil.
Baseado no trabalho em http://edensaga.blogspot.com.br/.
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